Bússola do Muito Mar

Endereço para achamento

jjorgecarvalho@hotmail.com

Número de Ondas

quinta-feira, 18 de abril de 2019

LER PARA SALVAR


Li, numa crónica de Manuel S. Fonseca, publicada no Correio da Manhã, edição de 18-04-2019, a confirmação do que já defendi em múltiplos contextos da minha vida pessoal, profissional e académica: ler às crianças, praticamente desde o berço, ajuda-as a desenvolver (exponencialmente) a linguagem, a inteligência, a atenção, a personalidade. O cronista do CM refere um estudo da Sociedade Americana de Pediatria que garante esta verdade científica: "aos cinco anos, uma criança a quem os pais leram um livro por dia [durante algum tempo], sabe um milhão e 400 mil palavras mais do que os catraios murchos que os pais arrumaram a xixi e cama".
Ignoro se o valor enunciado, no que respeita à mais-valia vocabular, é literal ou hiperbólico. De qualquer modo, a ideia faz muito sentido. E tudo isto ganha particular pertinência no território estupidificante da modernidade hiper-tenológica em que vivemos. Impera aqui a alienação provocada por tablets, iphones & computadores, que sugam a atenção e a inteligência dos utilizadores-consumidores-usuários, em fatal detrimento do convívio com o mundo, a humanidade, o Sol. Já agora, acreditem ou não: um familiar (muito jovem ainda) confessou-me, há dias, que odiava livros.
A parte mais incisiva do texto de Manuel S. Fonseca é esta: os pais/educadores, ao ler para as crianças, ajudam-nas salvando-as dessa calamidade que é o défice de linguagem. Ora, os que, por preguiça ou ignorância, não o fazem, hélas, estão a incumprir parte importante das suas funções, dos seus deveres. Ou seja, "baldam-se".

Coimbra, 18 de Abril de 2019.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.estudokids.com.]

Sem comentários: