Na manhã seguinte, quando a Dara e a Maria saíram de casa, a Dara desatou a correr, como se a sua liberdade dependesse da velocidade com que conseguisse fugir. No largo da igreja do Salvador, logo apareceram os quatro cavalheiros caninos da noite anterior, que desataram a cheira-lhe a intimidade, após o que, à vez, tentaram semear futuros no ventre da fêmea.
Maria, a dona da fogosa cadela, ficou furiosa com aquela fuga. Uma vizinha disse-lhe, rindo, que o animal escapara porque queria ser livre e amar. Mas Maria sabia, sem o verbalizar, que o amor e o desejo também podem ser uma prisão.
Arco, 11 de Janeiro de 2019.
Joaquim Jorge Carvalho
[Foto JJC.]
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