O rapaz viu o guarda-chuva esquecido no chão, à entrada da sala de trabalhos oficinais, e reconheceu-o logo: pertencia à menina loira que amava desde a primeira visão, aí por Outubro de 1975, na paragem de autocarro.
Entregou o guarda-chuva a uma colega de turma da proprietária (dona, pensou, daquela utilidade e também do seu coração menino). A amada mal sabia quem era o rapaz, não obstante o esforço descritor da amiga. Seria, pensou, um dos tantos admiradores da sua beleza luminosa e inignorável.
O rapaz, muito metido naquela bolha de fogo e desmaio, escondeu para (quase) sempre um segredo: que, às escondidas, cheirara-acariciara-beijara aquele guarda-chuva antes de o devolver.
Ribeira de Pena, 07 de Março de 2019.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (que recorda a famosa Pipi das Meias-Altas, foi colhida, com a devida vénia, em http://www.colorirdinokids.blogspot.com.]
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