Eu amo o Verão, mas sou do Outono. A minha vida é feita sobretudo do tempo que ainda falta para o Verão. É uma vida geralmente pobre de mar. Contudo, teimosa como um rio, caminha sempre, desde sempre, para a certa foz a haver. O passado, o presente e o futuro são muito mar.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Apografia 26: Despovoamento
Sete horas e meia da noite. Corro novamente a “volta grande” e a “volta pequena” do Choupal. Regresso pela Estação Velha, o Lidl, a rua dr. Manuel Almeida e Sousa. Chego às oito e meia. Ainda há calor. Verão & incêndios, diz a minha Mãe.
Do portão da casa materna, olhos voltados na direcção de Eiras, a paisagem é semelhante à que vi, numa qualquer tarde de 1973.
Vejo agora uma casa em ruínas, no cimo do monte, entre a estrada inferior e o Ingote. Lembro-me dessa casa quando ainda viva: gente entrando e saindo, crianças brincando na vegetação fronteira, uma senhora idosa saindo de um táxi, muito elegante e carregada de sacos, o carteiro com medo do cão.
O Tempo é um deus despovoador.
Coimbra, 27 de Agosto de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (uma casa qualquer para ilustrar razoavelmente o meu texto) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.wikipedia-org.]
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