sexta-feira, 17 de junho de 2011

Astronomia do Passado Perdido


Um americano, de barba e óculos enormes, a falar de mistérios do universo: parece que aquilo dos buracos negros tem a ver com a ideia de anti-matéria...
O meu problema com o tempo passado está decerto ligado a este fenómeno astronómico: tudo me vai morrendo. Um buraco negro reduz a pó a matéria que eu era (e o meu pai, e o José Manuel, e o Mestre João, e o Francisco Botelho, e a Tia Rosário...).
Saudades? Talvez as saudades sejam feitas de anti-matéria.
Eu lembro-me tanto de tantas perdas e cabe tudo num buraco negro...
E atenção: não sei se estou a falar de amor ou morte, caros amigos!

Ribeira de Pena, 17 de Junho de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.evanog.com.]

3 comentários:

  1. À medida que vamos vivendo e - logo - envelhecendo, vamos construindo, inevitavelmente, um inventário de perdas: dos que nos faltam porque deixaram de existir; dos que apesar de vivos nos faltarão sempre.
    Saudades? Lembranças? Memórias? Felizes recordações?
    Ainda bem que existem e cabem dentro de nós!

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  2. Como ainda Astrónomo semi-profissional não poderia deixar de comentar.
    Minha vida ainda curta...curto demais foi o tempo que vivi com pessoas que amei, algumas separadas pelo espaço, outras separadas pela eternidade!!!
    Talvez seja esse o motivo de ser apaixonado pelo céu. Simples encanto pela sua beleza ou pela procura de saciar a saudade de ausências nas suas trevas?
    Incompreendido, compreendo o equilíbrio necessário, no entanto tão ingrato!!!
    Sendo apenas "Um grão de Poeira Cósmica"

    p.s. Carpe Diem

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