quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quando eu morrer


Os versos são da imorredoira Sophia M. B. Andresen (cito de cor):

"Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar."

Há muitos anos que os trago inscritos no coração, por ser aqui tão certa a enunciação da urgência de viver, de experimentar o que vale a pena, de saborear com o corpo e a alma quanto a vida tenha para nos oferecer.
Há um lado triste, ironicamente triste, neste discurso: a poetisa voltará apenas na forma de versos (de, digamos, música), nunca mais regressando de facto, na sua plenitude de pele, olhos e sangue à praia amada, isto é, ao exercício livre de observar-sentir o mar.
Leio sempre este poema como um aviso solene sobre o imprudente desperdício da nossa existência:
"Cuidado, Joaquim Jorge, cuidado! O tempo vai-se esgotando."

De modo que preciso, hoje mesmo, de dizer a quem estimo e amo que os estimo e os amo. E de urgentemente ir ver o mar.

Arco de Baúlhe (à espera de uma oral de Francês), 28 de Junho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (retrato de Sophia, feito por Arpad Szenes) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.leiturapartilhada.blogspot.pt/.]]

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