Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Fósforo (variação de "carpe diem")



De repente, de repente
É já morta é já perdida
A juventude da gente
A formosura da gente…

E a melhor lição de vida
Que a vida dá simplesmente
É vivermos o presente
Por não haver outra vida.

 Ribeira de Pena, 30 de Junho de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.mdemulher.abril.com. Este poema foi escrito no contexto da peça “Call Center Literário” (Ribeira de Pena, 30-06-2014). A peça foi apresentada em Setembro de 2014, no Auditório Municipal de Ribeira de Pena, durante as II Jornadas Camilianas.]

Livro



Livro fechado esperando
Leitores que o salvem do Nada –
Vive e brilha apenas quando
O vemos e, nele entrando,
Um encontro lhe acontece:

Pois é o livro um amigo
Que se o leitor o merece
Ouve bem falar consigo.

Num livro fechado habita
O sonho de um escritor
E entre o leitor e a escrita
Há uma história de amor!


Ribeira de Pena, 30 de Junho de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.tulipa2.wordpress.com. Este poema foi escrito no contexto da peça “Call Center Literário” (Ribeira de Pena, 30-06-2014). A peça foi apresentada em Setembro de 2014, no Auditório Municipal de Ribeira de Pena, durante as II Jornadas Camilianas.]

Ferida lida



É maior o amor que a vida
Porque esta acaba e aquele não.
Mas se a vida
Ao amor é reunida
Fica igual ao tempo o coração:
Amor - ferida.
Amor - de perdição.

Ribeira de Pena, 30 de Junho de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[Este poema foi escrito no contexto da peça “Call Center Literário” (Ribeira de Pena, 30-06-2014). A peça foi apresentada em Setembro de 2014, no Auditório Municipal de Ribeira de Pena, durante as II Jornadas Camilianas.]

Pátria ou assim



Na minha pátria desejo
 
Um rio vivo de sossego

(Poderia ser o Tejo

Mas eu prefiro o Mondego) –
 

Minha pátria é um não-lugar

Feito de capricho puro:

Na terra sonho com mar

No mar mais terra procuro.

 
Minha pátria é outro lado:

A mãe (tão nova!) na lida

E o pai cantando o fado

Durante o banho da vida.
 
 
Coimbra, 23 de Novembro de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida na net e foi já utilizada neste blogue, em Janeiro de 2012. Com a devida vénia, naturalmente.]

Poesia (definição num verso)


Poesia é dar a palavra à palavra.

Arco de Baúlhe, 24 de Novembro de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.coisautil.pt.]

terça-feira, 4 de novembro de 2014

In Finitude


 
O velho saboreia a maçã

E o sol que o consola na tarde linda –

Não já o sol puro da manhã

Mas sol ainda.

 
Depois cai sobre as casas o ocaso

E há em vez do sol filosofia:

Vai-se suspirando em passo raso

O velho já sem fruto, já sem dia.

 
Vila Real, 01 de Novembro de 2014.

Joaquim Jorge Carvalho

[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.br.123rf.com.]

O que falta para tudo estar certo


 
Perguntas-me a razão desta tristeza

Que nunca bem me desaparece, só

Se esconde e adia, às vezes, quando há sol.

Perguntas-me o que me falta

Para enfim sermos inteiramente felizes

(Perguntas-me se é por não ser já Verão).

Digo-te que também é isso, mas não

Apenas isso, não sequer essencialmente isso.

Era preciso, meu amor, nunca morrermos

Para tudo estar certo.

 

Vila Real, 01 de Novembro de 2014.

Joaquim Jorge Carvalho

[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.a-educologia.blogspot.com.]

Flutuação com lábios


Sorris e morre a lei da gravidade
(É por sorrires que nasce esta leveza).
É tão mais leve a realidade
Quando há beleza.

 

Vila Real, 01 de Novembro de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem faz parte da maravilhosa saga de Calvin & Hobbes, do genial Bill Watterson. Com a devida vénia.]